domingo, 27 de março de 2011

DANDO CONTINUIDADE À LUTA DOS CAMELÔS!

Durante o período de férias, entre os meses de janeiro e fevereiro, este blog não recebeu atualizações, embora continuasse a ser acessado diariamente por várias e várias pessoas. E é em respeito a todas essas pessoas, e a tantas outras que fazem parte desse movimento em defesa dos trabalhadores informais de todo o Estado, que vamos dar seqüência à luta que não iniciou ontem, mas é fruto de um trabalho de anos e anos à frente dos camelôs nas negociações junto à Câmara de Vereadores, à Prefeitura Municipal, ao Ministério Público, e a todas as instâncias públicas que têm a responsabilidade de auxiliar na proposição de melhores condições de trabalho à categoria.

Todo este período serviu para uma reflexão profunda sobre tudo o que está acontecendo no camelódromo de Porto Alegre. Todas as brechas deixadas pela empresa - na tentativa de manipular as regras internas do camelódromo, prejudicando a vida dos camelôs, sem que a prefeitura fosse notificada (ou talvez com o próprio consentimento dela, fazendo vista grossa) - tudo isso foi cuidadosamente analisado e estudado. Enquanto os fantasmas da VERDICON continuam assombrando os trabalhadores, tirando-lhes os últimos recursos financeiros, o que restou de sua dignidade, de sua confiança, com aluguéis cada vez maiores e condomínios escandalosos, sem informar a ninguém para onde vão tais gastos e como são empregados, a prefeitura fecha grosseiramente o olho. Mas nós não! Continuamos pesquisando e acompanhando de perto o que está acontecendo, e cada vez mais preocupados com as arbitrariedades escondidas que estão sendo aplicadas sem o conhecimento dos camelôs, os verdadeiros donos daquele espaço de trabalho!

Além disso, recentemente, a empresa passou a cobrar aluguéis de meses anteriores que os camelôs já haviam pago, na esperança de que os trabalhadores não tivessem como comprovar o pagamento.Seu Zé foi um deles, mas conseguiu comprovar, por meio de seus documentos, que o mês de abril de 2010 que estava sendo cobrado na verdade já havia sido pago - e em dia. Como se não bastasse, desde dezembro os camelôs estão assistindo a um aumento exponencial no valor dos condomínios, mais de R$ 50,00 reais de diferença, valores que permaneceram altos em janeiro, fevereiro e março, sem que houvesse qualquer justificação.

Paralelamente, a empresa largou uma nova "lei", em que determina novos prazos de renegociação das dívidas, antes do despejo, bem como de pagamento das contas de luz, antes do corte. Junte-se a isso a exigência de manter os produtos no interior dos espaço das bancas, e tempos um cenário generalizado de autoritarismo e desmando por parte da empresa contra os trabalhadores - que deveriam ser a sua razão de existir, na verdade. Para efeitos de comparação, em julho de 2009, durante a gestão de Juliano Fripp à frente do Comitê Gestor, havia um gasto declarado de 18 mil reais de energia elétrica. Atualmente, esse valor já subiu para 24 mil reais, e está sendo totalmente debitado e rateado entre os camelôs, ao invés de ser proporcionalmente dividido entre eles e a praça de alimentação - que, aliás, está completamente falida. O rateio de condomínio teve um aumento de R$ 31mil, em julho de 2009, para cerca de R$ 40 mil reais, em 2010. Outras despesas totais passaram de R$ 48mil para R$ 62 mil nesse mesmo período. E ninguém foi informado com relação a todas essas mudanças!

Por fim, temos as mudanças arbitrárias no estatuto interno do camelódromo. Na nova versão que foi divulgada pela própria empresa, omitem-se de propósito vários artigos que não lhe convém e que poderiam resguardar os direitos dos próprios trabalhadores que atuam no camelódromo. Um deles, talvez o mais importante, consiste na omissão de que o Comitê Gestor é composto de TRÊS membros escolhidos entre os comerciantes populares através de ELEIÇÕES anuais feitas no próprio local. E assim, também, uma série de outras questões, que são conquistas de direito dos camelôs, e que foram excluídas e cortadas do regimento interno para agradar aos interesses do capitalismo selvagem praticado pela empresa!

Estamos acompanhando e investigando passo a passo das estratégias sujas dessa empresa que, com o apoio silencioso da prefeitura, faz o que quer daquele espaço que é público e, por direito, dos trabalhadores que fazem uso diário daquele espaço. Além disso, e mais importante, nenhuma das arbitrariedades feitas pela empresa, violando direitos jurídicos e de direito conquistados pelos camelôs, ficará impune, pois ainda contamos com o apoio do poder público, da Câmara de Vereadores e da prefeitura nessa empreitada, para retomar o projeto social do nosso camelódromo!

E contamos com o apoio e a luta de todos os que acompanham este blog!

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